Teste do Citroen DS3


CITROËN DS3, FOGUETE DE BOLSO




Com 165 cv para movimentar 1.165 kg, sendo que a 1.400 rpm já se dispõe de 48 cv, o título do post está certo. Foguete de bolso, diversão pura. Junte-se um chassi bem papai-e-mamãe, McPherson e eixo de torção, mas muito bem acertado, e "patas" razoáveis, de 205 mm de seção, e está feita a festa. Assim é o Citroën DS3 que começa a chegar ao Brasil por R$ 79.990,00. Para bancos revesidos de couro, mais R$ 2.900,00.


O DS3 foi lançado na Europa no outono de 2009 e agradou em cheio, já tendo ultrapassado a marca de 200.000 unidades comercializadas. Seu porte – 3.948 mm de comprimento com 2.464 mm entre eixos – o faz adequado para o trânsito cada vez mais denso, mas sem perder comportamento correto na hora de partir para uma estrada.


O coração do DS3, tanto em sentido real quanto figurado, é o motor 1600 THP turbo que, por ser do Grupo francês PSA Peugeot Citroën, já é conhecido dos Peugeot 3008 e RCZ. Como já se sabe, o motor é fruto de parceria entre a PSA e a BMW, que o utiliza no MINI em suas várias versões, com potência que varia de 75 a 211 cv. No DS3, são 165 cv a 6.000 rpm e 24,5 m·kgf de 1.400 a 4.000 rpm. O turbocompressor com interresfriador sopra a 1 bar de pressão.





O corte de rotação é a 6.500 rpm e é do tipo "sujo", por corte de injeção e não pela borboleta de aceleração, este o corte "limpo", que considero inadequado ao não ser percebido de imediato pelo motorista. Um detalhe autoentusiasta é o ponteiro do conta-giros ficar vertical a 6.000 rpm – mas nem todos gostam do velocímetro com marcações ímpares que eu gosto.


O motor é estado da arte: 1.598 cm³ de 77 x 85,8 mm, duplo comando de válvulas por corrente com variador de fase em ambos, quatro válvulas por cilindro e injeção direta, com elevada taxa de compressão para um motor superalimentado: nada menos que 11:1.  Funciona bem com gasolina comum/aditivada, mas a fábrica recomenda gasolina premium (98 octanas RON), conforme mostra a etiqueta na portinhola do bocal do tanque. O câmbio é exclusivamente manual de seis marchas.







Esse motor no DS3 conta com overboost, ou pressão de superalimentação adicional. Porém, ao contrário do Fiat Bravo T-Jet, em que para ativá-lo é preciso premer o botão OVB no painel, no francês a função entra automaticamente sempre que o acelerador chegar a 95% da abertura total, aí permanecendo por 20 a 30 segundos. 

O torque passa dos 24,5 m·kgf normais para 26,5 m·kgf, mas sem aumento da potência máxima, melhorando a resposta na faixa intermediária.  No Bravo, o overboost permanece ativo enquanto o botão não for apertado novamente ou o motor não for desligado. A pressão adicional não foi informada, mas deve ser próxima a 1,3 bar. E o overboost é inibido estando o câmbio em primeira ou segunda




Vale comentar um fato curioso, por que não estranho. No Peugeot 3008 que testei a potência é 156 cv a 6.000 rpm, torque 24,5 m·kgf a 1.400 a 4.000 rpm. Já no RCZ que o Arnaldo testou a potência havia passado para 165 cv, demais dados iguais. Na Europa o DS3 é declarado com 156 cv, resto igual, o mesmo ocorrendo com o modelo.comercializado na Argentina e com o 3008 e o RCZ europeus. Indagada, a assessoria de imprensa da Citroën argumentou que para certos mercados o motor EP6DTE sofre recalibração, passando a EP6DTM.


Teoricamente, o aumento de potência até é possível devido à nossa gasolina com 20% a 25% de etanol, em que a queda de temperatura da mistura ar-combustível na vaporização acaba deixando a mistura mais densa, portanto melhorando a eficiência volumétrica (maior enchimento dos cilindros). De qualquer maneira, é um fato inusitado e surpreendente a versão de mercado brasileiro ser mais potente, uma vez que geralmente é ao contrário. Vale lembrar que calibrações dessa ordem em motores turboalimentados são mais fáceis ainda.





Dirigir o DS3 é mesmo prazeroso. Acelera forte, 0-100 km/h em 7,3 segundos e vai a 219 km/h, segundo a fábrica. O comando do câmbio de seis marchas é preciso e agradável, sentindo-se na mão o engate da luva sincrônica com a engrenagem. Me lembrou o Mazda Miata nesse ponto. Como é de se esperar, a sexta é longa para obter rotação baixa em velocidades de viagem e, de fato, a 120 km.h o motor está a 2.500 rpm. A velocidade máxima é atingida em quinta, a 500 rpm abaixo de rotação do pico de potência. Como curiosidade, a 120 km/h em quinta o motor está a apenas 3.000 rpm.


Diversão mesmo é dirigir o DS3 rápido. A Citroën organizou uma ida de São Paulo ao kartódromo da Cervejaria Schincariol, em Itu. Embora não sendo ideal, a pista permite alguma avaliação de comportamento, a ponto de o carro "cheirar a freio" ao parar. E a conclusão é o "chão" do DS3 ser admirável, sem sair de frente nas curvas de baixa mesmo com o controle de estabilidade e tração desligado e aplicando potência. A direção rápida de resposta e o volante de 363 mm de diâmetro, mais os bancos com ótimo suporte lateral, fazem a festa. Os pedais têm sapatas de alumínio com botões de borracha e – nunca havia visto – o apoio do pé esquerdo é ligeiramente voltado para o corpo. Perfeito!




No mais, um compacto adequado para o dia a dia e bem charmoso, com suas linhas inovadoras, em especial o tratamento dado às colunas centrais, uma alusão à barbatana do tubarão (que praticamente desaparece quando o carro é preto) e ao vidro traseiro envolvente dando impressão de não haver colunas traseiras. E um compacto que, sobretudo, anda muito bem. Mas podia ter faixa degradê no pára-brisa.


Lamentavelmente, a Citroën é mais uma empresa que nega a informação de consumo de combustível do carro que vende. Vergonhoso e desrespeitoso.


Para quem aprecia personalização, a fábrica oferece desde faixas decorativas a painel e manopla de câmbio de cores diferentes, como a Fiat fez com o novo Uno.


A Citroën estima vender 250  unidades por mês, a garantia é de três anos e realça revisões (a cada 10.000 km) a preços fixos e parcelados em três vezes em todo o país, sendo mais cara a de 60.000 km, R$ 810,00. Depois dessa quilometragem, como diz a linguagem popular, só Deus sabe...

Ficha técnica do Citroen DS3



MOTOR
Tipo
l-4, duplo comando por corrente,, 4 válvulas por cilindro, variador de fase na admissão e no escapamento, dianteiro, transversal, gasolina
Diâmetro x curso
77 x 85,8 mm
Cilindrada
1.598 cm³
Material do bloco e dos cabeçotes
Alumínio
Taxa de compressão
11:1
Potência máxima (NBR 5484)
165 cv a 6.000 rpm
Torque máximo (NBR 5484)
24,5 m·kgf de 1.400 a 4.000 rpm
Formação de mistura
Injeção direta
TRANSMISSÃO
Tipo
Câmbio manual de 6 marchas à frente e uma à ré, tração dianteira
Relações das marchas
1ª 3,54:1; 2ª 1,92:1; 3ª 1,33:1; 4ª 1,03:1; 5ª 0,82:1; 6ª 0,68:1; ré 3,31:1
Relação do diferencial
3,56:1
SUSPENSÃO
Dianteira
Independente, McPherson, braço inferior transversal com duas articulações, mola helicoidal e amortecedor pressurizado concêntricos e barra estabilizadora
Traseira
Eixo de torção, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra establizadora
DIREÇÃO
Caixa de direção
Pinhão e cremalheira com assistência elétrica variável
Relação de direção
n.d
N° de voltas entre batentes
3,1
Diâmetro mínimo de curva
10,4 m
FREIOS
Dianteiros
A disco ventilado de 283 mm Ø
Traseiros
A disco de 247 mm Ø
Controle
ABS c/ distribuição eletrônica das forças de frenagem e auxílio à frenagem
RODAS E PNEUS
Rodas
Alumínio, 6,0J x 17
Pneus
205/45R17
CONSTRUÇÃO
Arquitetura
Monobloco em aço, hatchback de duas portas, cinco lugares
Aerodinâmica
0,31
Área frontal (estimada)
2,29 m²
DIMENSÕES
Comprimento
3.948 mm
Largura sem/com espelhos
1.715/1.994 mm
Altura
1.483 mm
Entreeixos
2.464 mm
Bitola dianteira/traseira
1.465/1.467 mm
CAPACIDADES E PESOS
Porta-malas
280 litros
Tanque de combustível
50 litros
Peso em ordem de marcha
1.165 kg
DESEMPENHO E CONSUMO
Velocidade máxima
219 km/h
Aceleração 0-100 km/h
7,3 s
Consumo urbano
n.d
Consumo rodoviário
n.d
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
Intervalos de revisão
10.000 km
Garantia contratual
3 anos
Cores disponiveis
Preto Obsedien, cinza Shark, amarelo Pégase, azul Bellle-Île, branco Banquise, cinza Aluminium, vermelho Aden, vermelho Erythrée



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