A receita do Mini Coupé S é básica: estilo e vocação para dobrar curvas
O que o chef de cozinha e escritor americano Anthony Bourdain e um Mini Coupé S têm em comum? Bem, a rigor, o apresentador desbocado do programa “Sem Reservas” (exibido no canal pago Discovery Travel & Living), fã de cerveja, fumante inveterado e com ironia afiada, não tem nada a ver com o cupê britânico de alma alemã. O Mini lembra um atleta com pulseira eletrônica para contar passadas, iPod no ouvido e fã de comidinhas naturais. Anthony Bordain se mostra o oposto.
O cara gosta de se enfiar no submundo das cidades (em sua passagem pelo Brasil, comeu espetinho de gato e se esbaldou em botecos de baixa gastronomia) e não parece ser muito fã de qualquer prática esportiva. O Mini combina com a Oscar Freire, em São Paulo. Aliás, parece até feito para ela.
Mas Antony Bordain é formado em gastronomia pelo Culinary Institute of America, tem 28 anos de experiência em cozinhas profissionais e é chef honorário na Brasserie Les Halles, em Nova Iorque. Anthony sabe muito bem o que faz e entende de gastronomia como poucos, embora não pareça.
A contradição também cabe para o Mini Coupé. Ele parece feito para quem compra carros design. Só que não é apenas um carro feito para se exibir. Além de ter eliminado o que parecia dispensável (o excesso de teto e o pretenso espaço no banco traseiro) continua ótimo em um aspecto: a agilidade em estradinhas sinuosas
Felicidade
Com o pé embaixo, checo no V-Box, que usamos para as medições de pista, o 0 a 100 km/h: 7,3 s. Bom! Mas isso não é o que mais surpreende nesse tração-dianteira: um A3 Sportback acelera melhor. Mas saia à caça de uma sequência desconcertante de curvas. Acelerando sempre até o limite e freando em cima, a traseira desgarra o suficiente para você apontar na primeira das curvas para que as demais sejam dobradas dosando a aceleração. Como Anthony diria ao provar iguarias exóticas: “estou feliz”.
Embora você deixe o A3 para trás, os pneus do Audi ficarão menos destruídos, já que o Mini se apoia em excesso no eixo dianteiro, e tende a destracionar quando está com o controle de tração desligado. Falta braço? Mantenha o anjo da guarda ligado e aumente a calibragem dos pneus para preservar as bordas da borracha. O teto 3 cm mais baixo não chega a influenciar de maneira positiva o comportamento, muito semelhante ao do hatch – ao contrário, poderia atrapalhar já que o Coupé é 50 kg mais pesado (o teto em formato de boné não é tão leve assim). O porta-malas ficou maior: 280 litros (o do hatch tem 160 litros).
Sabores conhecidos
Dentro, tudo lembra que você está em um Mini. Os botões de vidros elétricos mal localizados estão lá, o velocímetro com visibilidade confusa, no centro, também está no mesmo ponto, o menu complexo do sistema multimídia... E, se não estivessem, seria como provar um strogonoff de salmão.
De novidade, temos os graves mais encorpados do sistema de som, que ganhou subwoofers atrás dos bancos. Há também uma chave perto do retrovisor central que serve para acionar manualmente a asa traseira – e se exibir nas ruas da moda em baixa velocidade: acima dos 80 km/h ela ejeta automaticamente e não pode ser abaixada. Na velocidade máxima, o apêndice acrescenta 40 kg de peso no eixo traseiro.
O restante é Mini, embora um pouco mais temperado que o habitual. Ele traz um kit de para-choques e suspensão John Cooper Works, de série em todos os cupê. Faltou o motor da versão mais cara? Sinceramente, não. O Mini Coupé S é suficiente, com seus 184 cv.
Ficaria melhor na versão JCW, com a transmissão manual e 211 cv? Pode apostar nisso. Mas o carro é como a feijoada da Cláudia da Vila Madalena (a cozinheira de São Paulo, por quem Anthony caiu de amores): mesmo se você dispensar a couve, o molho picante e a caipirinha, ainda assim será um ótimo prato para ser saboreado. Sem reservas.
fonte:caranddriver
0 comentários:
Postar um comentário
Comentem o Quanto Quiserem , Estou Disposto a Responder Todos os Seus Comentários.