TESTE: VOLVO S60 T5, O "SEDÃ ATREVIDO"

Fraco de vendas, Volvo S60 T5 acende os faróis para ser visto. Na mira: os rivais alemães bem mais caros

Quem vasculha a tabela de preços em busca de um sedã de luxo de cento e poucos mil reais precisa estar atento para lembrar-se do S60 na lista.

 O “sedã atrevido” – como a Volvo quer que ele seja conhecido – é um sujeito muito discreto. E não é nem pelo seu preço. Para quem só enxerga Mercedes, BMW e Audi, os R$ 129.900 da versão T5, com 240 cv, se exibem atraentes, ainda mais quando se descobre que, para ter um pacote semelhante ao do Volvo em um alemão, só pagando perto dos R$ 200 mil. Muito bom. 

Só que a realidade desmente o que os números da tabela de preço sugerem: em 2011, só 1.074 S60 foram vendidos no País. Como comparação, a Mercedes emplacou seis vezes mais Classe C no mesmo período.

Então, diabos, o que se passa com o S60? O carro vermelho-inferno vai tentar nos responder. Dou as boas-vindas ao Volvo, apresentando-o à reta da pista de testes de Limeira (SP). Pé no acelerador e nada de descontrole. Embora o T5 tenha 240 cv nascidos do motor 2.0 turbo, a potência é dosada com discrição

 nas rodas dianteiras – no T6, de 304 cv, a tração é integral –, enquanto a transmissão automática de seis marchas só se encarrega de trocar marcha sobre marcha. É rápida, bem escalonada, mas pouco propensa a reduções encorpadas, casadas a frenagens no limite. É um sedã seguro e veloz. Com um enfático destaque ao primeiro adjetivo. Mas não espere pelas respostas ardidas da 850 T5, do Campeonato de Turismo Alemão, nos anos 1990. Aqui, o atrevimento é só na aparência.

O T da questão

A suspensão adora pisos lisos e se comporta com maestria neste território. Porém, coloque algumas ondulações, uma meia dúzia de buracos e a mistura fica indigesta. As rodas de 17 polegadas com duros pneus Continental podem ter sua parcela de culpa nas batidas um pouco secas da suspensão, mas, na boa, os BMW também têm pneus duros e suspensão firme – e não fazem isso.

Na pista, o S60 não foi mal, tampouco surpreendeu. Em nossa prova de 0 a 100 km/h, o S60 gastou 8,4 s. É bom, mas perto de concorrentes de menor potência... Um Mercedes C250, de 204 cv, gasta 8 s cravados na mesma prova. Se o peso do Volvo fosse alto, para justificar a diferença, estaria explicado, só que ele é 21 kg mais leve que o Mercedes!

Seis airbags, controles de estabilidade e de tração, controle de cruzeiro adaptativo – que regula a velocidade conforme o trânsito – e sistema City Safety que detecta pedestres e carros à frente e que, em baixas velocidades, freia o S60 evitando acidente. 

Todo os itens de segurança do T6 estão no T5. Some a isso o bom espaço interno e o atraente pacote de equipamentos e o S60 vira uma incógnita: por que vende pouco? Uma parte da resposta pode estar no custo de manutenção: a cesta básica de peças do Volvo sai por R$ 12.571 ou seja, 9,7% do valor do carro! Proporcionalmente, é caro.  No Mercedes o valor das peças representa 9,5%, enquanto no A4 2.0 T é de 7,9%. As luzes estão acesas, mas o enigma da sombra teima em não sumir.

fonte: Car and Driver